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sexta-feira, abril 26, 2024

TOC argumentativo

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Não sou psicólogo, mas tenho quase certeza que a psicologia explica essa necessidade absurda que algumas pessoas têm demonstrado de querer falar a mesma coisa a todo momento, independente do que se esteja conversando ou do silêncio reinante, parece um tipo de TOC, mas num nível ainda não diagnosticado.

É normal e extremamente saudável o entusiasmo, a vibração com um determinado assunto, imagine indicar um filme ou um livro para alguém, mas sem a devida empolgação, sem brilho nos olhos, certamente essa indicação vai cair no vazio, ficará claro que não é tão boa assim, pode até ser excelente, mas a comunicação foi péssima, daí a necessidade de comunicar bem, sem interferências, sem ruídos, com vigor e entusiasmo, mas também com limite, respeitando o direito do outro, o espaço do outro.

Lamentavelmente, cada hora que passa fica mais evidente que algumas pessoas estão extremamente limitadas, vivendo num universo onde só cabe um assunto e uma única verdade, nada pode sair disso e o pior é que eles vêem isso em toda parte, em todo lugar, mesmo quando não se tem nada além do vazio.

Faço parte de alguns grupos nas redes sociais que são livres, sem regras e assuntos determinados, mas existem aqueles que a todo momento ficam iguais a um disco arranhado ( sei que nesta era da internet disco é dinossauro), são repetitivos, chatos, mas estão sempre se pensando o máximo, acreditam que estão arrebentando. Fora das redes sociais, também vemos isso, tenho amigos que não importa o que se esteja conversando, eles sempre dão um jeito de inserir o mesmo assunto, uma autoafirmação acompanhada do desejo de convencer os outros a verem o mundo como eles estão vendo, aquela história de nós somos os melhores e todos os que vieram antes ou estão de fora do nosso círculo não prestam.

Já falei e vou repetir, entendo e aceito que as pessoas falem do que acreditam, é natural querer que outros acreditem também, o que não é natural é essa mania de ver chifre na cabeça de cavalo em tudo, até tubarão vira unicórnio de acordo com o olhar desse povo, isso é TOC, uma nova espécie de fanatismo religioso.

Não podemos transformar o diálogo em monólogo, as conversas em palestras, os amigos em platéia. Existe um limite pra tudo, às pessoas tem o direito delas de não querer ouvir ou falar sobre certas questões. Agora, se você não consegue se controlar, pense que mesmo sem dizer uma palavra, você diz muita coisa, pego emprestado, neste momento, um conceito religioso que trata os seus fiéis como cartas que os homens lerão, ou seja, seu silêncio pode ser o maior discurso de todos, exatamente porque sua prática diária diz tudo o que as pessoas precisam saber.

Marcelo Teixeira – Filho do Deja e da Ceiça, pai do Leon e um cara que tenta ser cristão. Facebook:
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