O espetáculo “Kondima – Sobre travessias”, da companhia Troupp Pas D’argente, está de volta. Seu tema central, os refugiados, mostra, de maneira poética, o desdobramento da vida de quatro personagens: seus medos, perdas e sonhos diante da deriva de estar fora de seu país de origem.
Desde a invasão russa à Ucrânia, relatos sobre o conflito dominam os noticiários, lançando olhar para os habitantes que deixaram suas casas em busca de refúgio. De acordo com a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – Agência da ONU para Refugiados), mais de 4 milhões de ucranianos deixaram o país, desde o início do conflito. Segundo a Convenção de Refugiados de 1951, é considerado refugiado qualquer pessoa que “temendo ser perseguida por questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, bem como devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país”.
“KONDIMA” é uma palavra pertencente ao dialeto Lingala, falado em tribos da Angola e da República Democrática do Congo, e significa ACREDITAR. A dramaturgia traz, de forma densa, um olhar profundo sobre essas mulheres, homens e crianças, que se encontram em situação de vulnerabilidade social e terror, e leva ao palco a realidade de 25,4 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), pelo menos metade delas são mulheres adultas e crianças. Não contam com a proteção de seus lugares de origem, seus governos e, em muitos casos, com estruturas familiares tradicionais. Além disso, enfrentam os rigores de longas jornadas a caminho do refúgio, perseguição ou indiferença oficial. Com frequência, sofrem abuso sexual, inclusive quando já chegaram a um lugar aparentemente seguro.
O espetáculo aborda a temática, a partir do olhar de refugiados vindos de países distintos que se viram obrigados a deixar suas casas, na busca pela sobrevivência e pela paz. Os motivos que os obrigam a realizar uma arriscada travessia são diversos: perseguição política, conflitos armados e guerrilhas, fome, discriminação racial, social ou religiosa, violência sexual, violência de todas as formas. A trama evidencia a humanidade dos personagens e revela os conflitos e desventuras surgidos a partir do entrelaçamento dessas histórias, que geram inusitadas e instigantes situações.
Para a companhia, perder um sonho tem a mesma densidade que perder uma vida. Vozes caladas pela violência ou pela dor de um trauma, que precisam ser ouvidas é o que define a importância do tema.
Serviços:
Temporada de 02 a 31 de julho – sexta a domingo.
Horário: sábado, às 19h; domingo, às 18h, e sexta (apenas nos dias 22 e 29), às 19h.
Local: Teatro Gonzaguinha.
Endereço: Rua Benedito Hipólito, 125, Centro, Rio de Janeiro – RJ.
Ingressos: Entrada solidária – 1kg de alimento não perecível ou 1 agasalho.
Informações: (21) 2224-3038.
Classificação indicativa: 16 anos.
Duração: 80 minutos.
Lotação: 130 lugares.
Gênero: drama.
Por: Clilton Paz.
Fonte: Angélica Zago.
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