Os pequeninos da turma infantil 2 A da Creche Elizabeth Batista, no Centro de Nilópolis, saíram em fila, conduzidos pela professora e pela auxiliar, e seguiram até os três canteiros onde há uma horta, no pátio da escola. Ali, eles descobriram que o nome de uma daquelas, a bertalha, uma hortaliça muito nutritiva e versátil. Colheram folhinhas com o professor de biologia Luciano Tadeu, coordenador do projeto Horta Escolar, da Secretaria Municipal de Educação, e distribuíram entre mães e responsáveis que consomem a verdura.
“Esse projeto é um laboratório a céu aberto. Podemos estudar ciências, história dos alimentos, geografia. Há uma série de possibilidades de ensino a partir de uma horta pedagógica”, explicou Luciano Tadeu, há 20 anos professor de ciências da rede municipal. ” A horta escolar é a certeza de alimentos sem veneno, livres de agrotóxicos. As crianças levam para casa a informação que de que é importante ingerir alimentos mais saudáveis, descascar mais e desembalar menos”, salientou o biólogo, que esteve na unidade escolar na quarta-feira (30/10).
Vice-prefeita e secretária de Educação de Nilópolis, a professora Flávia Sardinha, anunciou que em 2025 o projeto Horta Escolar estará em todas as 31 escolas da rede municipal de ensino. “ Queremos que todas as crianças da rede possam viver a experiência de plantar e colher legumes e verduras, aprender sobre a origem e a importância do consumo de alimentos saudáveis e cultivados sem agrotóxicos”, ressaltou.
Avó de Gael, de 3 anos, a aposentada Tânia Regina dos Santos, levou uma boa quantidade de bertalha para casa. “Faço refogada com alho e jogo ovo por cima. Uso também no arroz, acho ótimo. Sei que aumenta a imunidade das crianças”, contou ela, que mora perto da creche e fica com o neto enquanto a filha está no trabalho. “Já é a terceira vez que me dão bertalha esse ano”, comemorou.
A advogada Cristiane Tamas foi buscar a filha Natany, da mesma turma de Gael, e ganhou um pouco da hortaliça também. ” Eu gosto muito. Minha mãe e minha avó falavam sobre a importância do plantio, eram muito ligadas à terra. Eu acredito que as crianças vão aprender a ter paciência ao cuidar das plantas, vão entender que tudo precisa de tempo”, comparou ela.
Plantio de tomate e de coentro
Além da bertalha, em outros canteiros há tomates e coentro. A bertalha não faz parte do cardápio escolar, mas o tomate e o coentro estão incluídos no menu. Enquanto o tomate é usado nas saladas, o coentro tempera o feijão, saladas e o peixe. A merendeira Taine Santos trabalha na cozinha da Creche Elizabeth Batista e elogiou a iniciativa. ” Acho legal esse incentivo ao consumo de alimentos naturais, sem veneno”, elogiou a servidora, que observava a coleta das bertalhas junto com uma colega.
Um dos canteiros sempre fica em descanso enquanto os outros dois são usados. ” Reviramos a terra, adubamos com a compostagem que faço usando esterco animal, deixamos descansar um tempo e depois plantamos novamente. Não usamos fertilizante. Deu lagarta? Entendemos que é do processo, não interferimos”, esclareceu o biólogo.
Benefícios para quem come bertalha
Entre os benefícios para a saúde estão: nutrição completa, prevenção de doenças, saúde cardiovascular, fortalecimento dos ossos, aumento de energia e propriedades emolientes. A bertalha é rica em vitaminas, minerais e antioxidantes, como a vitamina A, vitamina C; ferro, cálcio, potássio, fibras, proteínas; cobre, manganês, zinco e magnésio. Previne anemia, diabetes e pressão alta; envelhecimento precoce e câncer.
O folato presente na verdura ajuda a reduzir os níveis de homocisteína no sangue, contribuindo para a saúde do coração. E a vitamina K e o cálcio presentes na bertalha ajudam a fortalecer os ossos e previnem doenças como a osteoporose. Quem come o alimento também aumenta sua energia, pois o ferro presente na bertalha é essencial na produção de hemoglobina, que transporta oxigênio para as células.
E as folhas e a raiz dessa hortaliça ainda têm propriedades emolientes que ajudam a manter a hidratação da pele. Ela pode ser consumida crua em saladas ou cozida em refogados, ensopados, omeletes, tortas ou sopas.