Nem sempre estar certo é bom e, tive essa experiência sexta-feira passada.
Quem me conhece sabe o quanto amo o município que vivo desde meus 9 meses de idade. Lá se vão mais de 44 anos…e ainda sou apaixonada por Nilópolis.
Sempre soube e nunca passei pano para erros seja de governantes ou população, porém os que de frente do governo da cidade se encontram fizeram essa semana acontecer algo bom demais e inimaginável até por mim.
Desde terça 19, o Flic BF – Festival Literário e Cultural da Baixada Fluminense- vem rolando no Parque do Gericinó. Hoje 24, será o encerramento.
Fui praticamente todos os dias desde montagem da estrutura, passando pela organização, abertura e demais eventos e o saldo disso tudo me entristeceu.
Nunca ousei pensar em um festival como esse aqui. Mas a secretaria de cultura junto a ilustres nilopolitanos sim.
Imaginei ver lotar porque era inédito. Porque geralmente a Baixada para ter acesso a algo assim precisaria ir até o centro do Rio ou na zona oeste.
Eu ansiava por cada dia. Criei mil expectativas ao ver programação altamente rica e para todas idades, tribos, gostos e horários. E tudo virou decepção.
O que foi visto foram escolas do município aproveitando a chance e os demais colégios( estaduais e particulares ignorando esse chamado). O que vi foram idosos com sede de conhecimento (nem ligando para o forte calor que fez esses dias) indo até para os eventos que o público era mais para infanto juvenil.
O que vi foram stands de editoras maravilhosas e autores parados, apáticos e tristes devido o comportamento do nilopolitano.
Tentei buscar falhas. Pensei que eu que era rigorosa demais e enxergava errado a situação. Argumentei para mim mesma que era o calor, que eu devia ta indo em horários desfavoráveis e que por ser dia de semana não enchia mais final de semana ia bombar. Ledo engano.
Ouvir do secretário Antônio da cultura que meu pensamento estava correto doeu na alma.
Na alma de uma amante da cultura, na pele de uma cria do lugar.
Doeu em ver que a mesma decepção que estava em mim, no olhar dele e de muitos que se esforçaram para dar um evento de tanta grandeza e gratuito não foi valorizado.
De verdade não entendo que elitismo besta é esse de quem mora em Nilópolis ou na baixada, que preferem cortar meio estado para adquirir conhecimento gastando o dinheiro que às vezes nem tem só para fazer uns cliques e dizer que foi a Bienal do Livro ou exposição X.
Os mesmos que reclamavam que aqui nada acontecia. Os mesmos que quando aconteceu ignoraram e não aproveitaram.
Triste em ver rodas de conversas com temas atuais e importantes para todos vazias. Triste em ver oficinas maravilhosas com pouco publico, em ver lançamentos de livros e expositores de quadros belíssimos daqui pouco procurados.
Ah ai você me fala: Mais Cris, o show do Fundo de Quintal foi um sucesso.
Foi, eu também estava la.
Mas te contaram também que 30 minutos antes quando artistas genuínos do município se apresentavam ( e um show surpreendente de tão maravilhoso. Gratidão Trio Nilopolitano) o público era tão ínfimo que tu podia deitar perto do palco, brincar com seu pet como se nada tivesse acontecendo? Isso ninguém comenta né.
Coragem minha a dizer? Não. É revolta e decepção mesmo.
Amo Fundo de Quintal e eles merecem todo respeito pelo que fazem pela música brasileira a décadas, só que todos que ali se apresentaram também merecem o mesmo respeito.
Mesmo com tudo isso, foi prometida uma nova edição para 2024. Que bom ver que não desanimaram.
Essa jornalista aqui, encarecidamente pede: Valorizem!!!!
Deêm uma chance ao que é nosso. Apoie, absorva, troque conhecimento. Não limite-se só ao que da status.
Cultura é algo tão amplo, tão bonito que projetos como o Flic BF deveriam acontecer em cada município para dar voz aos locais.
Meu desabafo foi longo, mas tenho certeza de que quem leu até o final e foi ao festival entendeu cada linha descrita.
Para finalizar deixo uma reflexão: “Nem tudo que é caro é valioso. Muitas das vezes, o que para nós sai de graça tem um valor amplamente maior.”