Algumas questões deixam a gente meio perplexos, por exemplo: querer que uma mãe não lamente ou se entristeça com a morte de um filho. Independente das circunstâncias, uma mãe, sempre vai sentir a dor da perda, sempre vai chorar e se a morte vier por conta das escolhas erradas do filho, muitas mães vão se culpar e sofrer por se julgarem responsáveis, por acharem que não deram o seu melhor.
Repararam que estou falando de mães, mas essa lógica também serve para os pais, para os irmãos, para toda a família. É bem verdade que existem famílias que apoiam e acobertam as coisas erradas, assim como usufruem dos ganhos ilícitos, mas isso não anula o direito deles chorarem seus mortos.
Não, não seja leviano e mau caráter, não saia por aí dizendo que eu disse que apoio o crime organizado ou o institucional, eu estou apenas dizendo que a morte destroça aqueles e aquelas que queriam bem a quem morreu. Outra coisa, não diga que eu disse que morreu e agora era gente boa, um anjo, isso é argumento pequeno e pífio, muito mau caráter quem assim argumenta para desqualificar o que agora estou dizendo.
Mas, se a ideia for debater ideias, então, podemos dizer que já passou da hora de revermos algumas práticas políticas no Brasil, principalmente as que versam sobre segurança pública. Ninguém em sã consciência vai abrir a boca para dizer que tiros se revidam com flores, tolice essa retórica, mas ninguém em sã consciência pode negar que é a omissão do estado quem tem provocado cada vez mais essas mortes trágicas no país. Na ausência do gato, sempre haverá festas dadas por ratos
Penso que o estado precisa fazer o que tem que ser feito em áreas essenciais, educação é um excelente exemplo. Não se pode achar que anos e anos de descaso vão ser facilmente superados com rajadas de tiro e montões de corpos. Os mortos e os tiros se multiplicam, mas a situação não regride, muito pelo contrário, ela se exponencia, entra ano e sai ano e o que vemos é uma política de segurança pública que tem na morte a sua principal base de atuação. Morrem os bons e morrem os maus, choram mães, choram pais, choram filhos, choram irmãos, mas o estado omisso dá gargalhadas, aplaude e dança com a morte e, lamentavelmente, algumas pessoas riem e acham graça de tudo isso, sentem no fundo da alma a sensação de justiça, mesmo que seja uma justiça nefasta e nefanda.
Sou contrário à repressão? Claro que não, sou contrário a omissão do estado e também a repressão parcial, focada apenas nos becos e vielas, nas periferias, quando todos sabemos que lá, apesar de todo barulho que promovem, não passam de pontas da mega estrutura do crime organizado.
Marcelo Teixeira – Filho do Deja e da Ceiça, pai do Leon e um cara que tenta ser cristão. Facebook:
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